segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Barcelona x Real Madrid l

Potências dentro e fora de campo: Barça e Real polarizam a economia

Em uma década, clubes fazem receitas multiplicarem. O resto é consequência

montagem Cristiano Ronaldo Real Madrid Messi Barcelona– Se isso continuar, Real Madrid e Barcelona vencerão cada ponto e o campeonato será decidido quando os dois se encontrarem.

É com tom de indignação que o presidente do Sevilla, José Maria del Nido, criticou a divisão de cotas de TV para o Campeonato Espanhol antes de Barcelona e Real Madrid aceitarem diminuir o domínio de 22,5% para 17% da receita total. Mas o “estrago” já foi feito há algum tempo: ambos são donos de modelos invejáveis de administrações que o colocam como potências praticamente insuperáveis fora de campo. Dentro dele, a dupla duela nesta segunda-feira, às 18h (de Brasília), no Camp Nou, em jogão que certamente irá parar boa parte da Europa. O GLOBOESPORTE.COM acompanha em Tempo Real.

Atualmente, os clubes representam 52% da receita gerada pela Liga Espanhola em um dos maiores índices do futebol mundial. E, de acordo com a projeção da Crowe Horwath RCS, empresa de auditoria e consultoria esportiva no Brasil, a expectativa é que ambos atinjam 0,1% do PIB espanhol na temporada 2012/2013, o que significa um euro (R$ 2,28) gerado a cada mil (R$ 2,28 mil) – em 2001 o valor era de 0,038%.
Análise Receita Barcelona Real Madrid Gráfico
Por trás de Lioneis Messis, Cristianos Ronaldos, receitas ilimitadas e dos 51 títulos conquistados por merengues e catalães em 79 temporadas na Espanha (30 do Real e 21 do Barça, o equivalente a 65%), está um grande trabalho de administração especialmente na última década, que devolveu os clubes ao topo do continente. Ele tem dois nomes: Florentino Pérez e Joan Laporta.
– A tendência é permanecer esse domínio por mais que as cotas de TV fiquem mais equiparada. Os contratos de patrocínios seguem maiores, venda globais de camisas, produtos, há as receitas com os estádios... O Atlético de Madri, por exemplo, arrecada cinco vezes menos que o Real Madrid com o Vicente Calderón. E olha que é grande, tem capacidade para 55 mil pessoas. Alguns menores podem se fortalecer, mas indiscutivelmente a tendência é o fortalecimento da dupla – disse Amir Somoggi, diretor de esportes da Crowe Horwath RCS.

Ambição, a chave do sucesso
Barcelona conquistou 12 títulos na Era Laporta (AP)

Criticado por usar o Barcelona em sua campanha para o Parlamento da Catalunha, Laporta sofreu com acusações de corrupção e gastos excessivos desde que deixou a presidência do clube para Sandro Rosell. Mas, em títulos, não há o que contestar. Foram 12 taças em sete anos de mandato, entre elas duas Liga dos Campeões e contratações de sucesso como Ronaldinho Gaúcho e Samuel Eto’o.
Joan Laporta, ainda presidente do BarcelonaCom um time vencedor, os catalães passaram por uma reestruturação de seus projetos, especialmente de marketing, cruciais para alcançarem o atual status. A ambição foi um adjetivo constante a partir de 2003, quando o clube valorizou sua marca e maximizou as receitas. Somente em 2010, em estudo apontado pela Crowe Horwath, o Barcelona gerou € 387,4 milhões (R$ 883 milhões), apresentando uma evolução de 252% em 10 anos.
Somente com o marketing, as receitas foram de € 25,3 milhões (R$ 57,6 milhões) para € 120,9 milhões (R$ 275,6 milhões) – aumento de incríveis 378% em oito anos e 31% na divisão. As rendas com sócios e estádio representaram 30% do total, também em profunda evolução de 140% - € 48,2 milhões (R$ 110 milhões) em 2003 para € 115,5 milhões (R$ 263,3 milhões) em oito anos. Para montar um grande elenco, no entanto, teve um gasto salarial correspondente a € 235,2 milhões (R$ 536,2 milhões) em 2010.
– Para nós, brasileiros, esse modelo serve de referência porque os clubes não são empresas e sequer são investidos por russos ou árabes. São de seus sócios que elegem o presidente, têm cadeiras no Camp Nou, Santiago Bernabéu... O foco é no sócio, e isso é muito legal – afirmou Amir Somoggi.
Análise Receita Barcelona Real Madrid GráficoPerfis das receitas de Real Madrid e Barcelona: equilíbrio (Foto: Análise Crowe Horwath RCS)
No Real Madrid, Florentino Perez instituiu a Era Galáctica. Soube explorar sua marca mundo afora e se consolidou como o clube com maiores receitas do futebol global, inclusive comparado aos maiores times americanos. Vieram em um intervalo de três anos craques como Zinedine Zidane, Luis Figo, Ronaldo e David Beckham. Depois, em seu segundo mandato, foi a vez de Kaká e Cristiano Ronaldo vestirem a camisa branca em transações que assustaram o planeta.
Em números, os merengues geraram € 442,3 milhões (R$ 1,008 bilhão) em receitas, apresentando evolução de 197% em 10 anos. Progresso muito por conta do marketing, que quase quadruplicou desde 2001: € 38,6 milhões (R$ 88 milhões) para € 140 milhões (R$ 319,2 milhões) – o equivalente a 270% de aumento. Para formar um timaço, porém, teve um gasto salarial representativo: € 192,3 milhões (R$ 438,4 milhões, quase uma centena mais barato do que o maior rival).
 
Florentino Perez em coletiva do Real Madrid– O Florentino é diretamente o responsável pelo crescimento. Ele mesmo diz que o Real Madrid já não se considera um clube de futebol e sim uma entidade geradora de conteúdo, que vende entretenimento. Assim, conseguiu transformar o clube numa entidade única no mundo. Todas as TVs querem passar um jogo do Real Madrid. Ele simplesmente criou uma nova era no futebol mundial – contou Amir.

Com menos jogadores, elenco catalão
é mais caro do que os galácticos
O Barcelona tem em seu elenco apenas 19 jogadores, mas pode se gabar de, ainda assim, ser mais valorizado do que os galácticos. Ao menos de acordo com o site “Transfermarkt”, que avaliou os catalães em € 527 milhões (R$ 1,2 bilhão) – o argentino Lionel Messi, é claro, é o mais caro: precisa-se de € 100 milhões (R$ 228 milhões) para adquirir seus direitos. No Real, avaliado em € 517,5 milhões (R$ 1,18 bilhão), Cristiano Ronaldo é o astro: custa € 90 milhões (R$ 205 milhões).
Apesar de contarem com fãs espalhados pelo mundo inteiro – estima-se que na Europa ambos somem 90 milhões de torcedores –, não é no Brasil que Real Madrid e Barcelona lideram as vendas de camisas. Um estudo da Netshoes mostra que, nas últimas três semanas, ambos ficaram atrás de Inter de Milão e Milan na preferência dos clientes. O time do atual melhor do mundo vende um pouco mais – 51% a 49%. Messi também é quem tem mais seu nome grafado nas camisas do clube – 57%. O português aparece em 43% das camisas merengues

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